13 de jun. de 2008

Pequim 2008 (Estádio)


Pequim'08: Arquitetura move revolução para Jogos




Atenas 2004 teve uma pira olímpica que se abaixava para colher o fogo das mãos de um atleta.

Sydney 2000 teve um estádio que captava água da chuva.

Barcelona 2002, um parque aquático que transformava a própria cidade em cenário.

E Pequim 2008?

A capital do país mais populoso do mundo, com orçamento de primeiro mundo e problemas de terceiro, promete um dos projetos mais espetaculares já realizados em toda a história olímpica.

Um parque sobre uma reserva ambiental, com lago abastecido por água de reuso, e duas obras monumentais:
O Centro Nacional de Natação e o Estádio Nacional.

Uma brincadeira que vai custar cerca de US$ 3,2 bilhões apenas com as instalações esportivas.
A cidade ainda deve receber mais US$ 24,2 bilhões em obras de infra-estrutura, como linhas de trem, metrô, estradas, urbanização etc.

A conta ainda não acabou:
Mais US$ 2 bilhões em custos operacionais e US$ 7 bilhões apenas para tocar o megaprojeto ambiental.

Como comparação, São Paulo, que concorreu com o Rio pela já frustrada candidatura brasileira aos Jogos de 2012, foi criticada por imaginar torrar US$ 2 bilhões em equipamentos esportivos e mais US$ 11 bilhões em infra-estrutura.

A modernização a toque de caixa vem derrubando quarteirões e até bairros inteiros da cidade.
Segundo um analista americano, Pequim está sofrendo uma transformação gigantesca, semelhante à realizada em Paris no século 19.

Uma mudança tão grande que já há quem se preocupe com a própria identidade da cidade.
A devastação seria superior a perpetrada nas décadas de 50 e 60, na primeira fase do período maoísta.

O principal problema, no entanto, é o ar.
Uma das cidades mais poluídas do mundo, com uso extensivo de carvão nas residências, Pequim precisa trocar sua matriz energética até 2008.

Seus 13 milhões de habitantes já sentem essa nova revolução.
Indústrias estão sendo fechadas, ônibus adotam o gás natural, e os carros, cada vez mais numerosos, estão perto de sofrer restrições.

Uma revolução bem diferente, bancada pelo capital privado e justificada pelo ideal olímpico.

Bolhas aquecem piscinas

A idéia era fazer algo relacionado à água.
Nem tanto pelo fato de a instalação abrigar piscinas.
O líquido é uma raridade em Pequim, e o prédio precisava contar isso.
A saída de um escritório de arquitetura de Sydney foi ir à internet e buscar a forma primária d'água, descer, se fosse preciso, às moléculas.
Toparam com KELVIN.

LORD KELVIN, um físico da era vitoriana, propôs e resolveu um problema:
Qual seria o jeito mais eficiente de dividir um espaço em células de igual tamanho e com o mínimo de área nas superfícies comuns?
Em 1887, ele chegou à conclusão de que um poliedro de 14 lados, formado por 8 hexágonos regulares e 6 quadrados, daria conta do recado.
Seu modelo eram as bolhas de uma espuma.

Em 1993, dois professores irlandeses, DENIS WEAIRE e ROBERT PHELAN, usaram um programa de computador para conseguir uma solução 0,3% melhor.

É difícil imaginar esse desenho?
Bem, ele existirá repetidamente nas paredes do Centro Nacional de Natação, uma das jóias de Pequim.

O "água ao cubo" ou [H2O]3, como vem sendo chamado, vai custar US$ 100 milhões e ficará pronto em 2007.
Terá 70 mil metros quadrados, um parque Anhembi "transparente".

Feitas de uma espécie de teflon, as bolhas formam o elemento estrutural do prédio, sem a necessidade de pilares ou apoios.

Lá dentro, cinco piscinas, uma com ondas, e arquibancadas para 17 mil pessoas.

Essa "parede" de bolhas, além de deixar passar a luz, retém cerca de 90% do calor do sol, que será usado para aquecer as piscinas.

Segundo o escritório PTW, responsável também pelo parque aquático de Sydney 2000 e pelo plano de Atenas 2004, a água das piscinas também será reciclada, junto com a da chuva, que será captada por um fosso que delimita o complexo.

Os chineses dizem que só o prédio valerá a viagem.

A poucos metros desse prédio d'água estará o fogo do Estádio Nacional, chamado de "ninho de pássaro".

Um emaranhado de vigas retorcidas, protegendo um estádio para 80 mil pessoas.

Outro complexo projeto, que consumiria 136 mil toneladas de aço, quatro vezes mais que um prédio convencional, e perdeu um teto retrátil para diminuir custos.
Custará US$ 360 milhões.

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